Segundo a Forbes, um terço dos maiores desafios de 2025 enfrentados pelos CEOs estará diretamente relacionado à inteligência artificial. CEOs se deparam com decisões que extrapolam a implementação de tecnologia quando se trata de IA: governança, reputação, desempenho financeiro e geopolítica agora passam diretamente pela forma como a IA é compreendida e aplicada nas organizações.
O CEO no Centro da Governança
De acordo com o relatório The State of AI: How organizations are rewiring to capture value (McKinsey, 2025), apenas 28% das organizações atribuem ao CEO a supervisão direta da governança da IA. Esse número, embora crescente, ainda revela um cenário de transição: a governança da IA não pode mais ser delegada exclusivamente às áreas técnicas ou de inovação.
A supervisão do CEO é o fator mais correlacionado com impacto financeiro positivo (EBIT) em projetos de IA generativa.
Para assumir esse protagonismo, o CEO precisa dominar novas dimensões: entendimento tecnológico, gestão de riscos éticos e regulatórios, e capacidade de mobilização organizacional.
A pergunta é: os CEOs estão preparados para essa responsabilidade?
Redesenhando Empresas Inteiras
Nesse mesmo relatório, a McKinsey afirma que 78% das organizações já utilizam IA e essa adoção é particularmente acelerada por parte de empresas com receitas acima de US$ 500 milhões. A implantação não se limita mais a experimentos isolados, mas avança para transformações estruturais, com destaque para:
- Redesenho de fluxos de trabalho: 21% das empresas que usam IA afirmam ter reformulado fundamentalmente processos.
- Centralização da governança: risco, compliance e governança de dados tendem a ser geridos por estruturas centralizadas, como centros de excelência.
- A liderança sênior envolvida diretamente na adoção e na supervisão da IA é um dos principais fatores para gerar valor.
Complementando esses dados, o The 2025 AI Index Report (Stanford University, 2025) indica que o investimento privado global em IA alcançou US$ 252,3 bilhões, com destaque para os US$ 109,1 bilhões investidos pelos EUA, quase 12 vezes o volume da China.
Custo Despencando, Pressão Aumentando
O mesmo relatório revela que:
- O custo de de uso de IA caiu 280 vezes desde 2022, tornando modelos antes restritos a grandes players, como equivalentes ao GPT-3.5, agora amplamente acessíveis.
- Modelos open-source reduziram sua desvantagem de performance frente aos proprietários: de uma diferença de 8% para apenas 1,7%.
- O treinamento de modelos dobra a cada cinco meses, com um custo energético e computacional crescente, mas acompanhado de ganhos significativos de eficiência.
Esse cenário cria pressões adicionais para os CEOs. Com o avanço técnico democratizado do acesso a IA, é preciso entender e projetar os riscos associados ao uso intensivo dessas tecnologias também.
Governança, Risco e Confiança
O protagonismo do CEO na governança da IA se explica, sobretudo, pela complexidade crescente dos riscos:
- Segundo a McKinsey, há um aumento expressivo na mitigação de riscos relacionados à imprecisão, segurança cibernética, privacidade e propriedade intelectual.
- The 2025 AI Index Report sinaliza que os incidentes relacionados à IA aumentaram 56,4% em 2024, atingindo um recorde de 233 eventos.
- Apesar disso, poucas empresas implementam avaliações sistemáticas de segurança. Benchmarks como HELM Safety surgem, mas ainda não são amplamente utilizados.
Governos têm respondido à altura: nos EUA, o número de regulamentações federais sobre IA mais que dobrou em 2024, alcançando 59 normas — reflexo da crescente pressão por transparência e controle.
Em paralelo, cresce a desconfiança pública sobre o uso de IA generativa gratuitas e acessíveis ao grande público: menos da metade das pessoas confia que empresas de IA protegem adequadamente seus dados.
Dessa forma, o CEO é provocado a manter uma liderança ética, com responsabilidade ampliada, já que a reputação das empresas também é vinculada a qualidade da governança e transparência em seu uso da Inteligência Artificial.
O cenário global: competição e colaboração
Além disso, o The 2025 AI Index Report, reforça:
- A China lidera em publicações e patentes, mas os EUA continuam à frente em modelos notáveis.
- O hiato de performance entre modelos chineses e americanos praticamente desapareceu em benchmarks como o MMLU, com diferença reduzida de 17,5 para apenas 0,3 pontos percentuais em um ano.
- Investimentos maciços em infraestrutura: China (US$ 47,5 bilhões), França (€109 bilhões) e Arábia Saudita (US$ 100 bilhões), reforçam o cenário de competição e cooperação global.
Esse ambiente intensifica a necessidade de os CEOs atuarem como líderes globais, capazes de entender não apenas seus mercados, mas também o ecossistema geopolítico e tecnológico mais amplo.
Cultura, Talento e Capacidade de Execução
A transformação da IA é, acima de tudo, humana:
- Menos de 1/3 das empresas implementam as 12 melhores práticas de adoção e escalonamento de IA, como treinamentos, KPIs e mecanismos de feedback.
- A capacitação dos times ainda é desigual e insuficiente para suportar a velocidade da mudança.
- A confiança — interna e externa — precisa ser construída com intenção e consistência.
A liderança do CEO será fundamental para fomentar uma cultura de aprendizado, inovação e responsabilidade. O gráfico a seguir ilustra as expectativas de impacto da IA generativa nas estruturas organizacionais até 2027. Ele evidencia não apenas onde os efeitos serão mais sentidos, mas também por que o engajamento ativo da liderança executiva — especialmente do CEO — será decisivo para direcionar essa transição de forma estratégica e responsável:
A Nova Responsabilidade da Liderança
A IA se tornou um fator estrutural na economia, na política e na confiança pública. Deixar sua governança nas mãos apenas da área técnica é abdicar da liderança estratégica.
Em 2025, não liderar a IA é escolher ser liderado por ela.
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